sábado, 29 de maio de 2010

O avesso, do avesso, do avesso...


É com o chimarrão na mão que anuncio que esta semana completo DOIS anos de São Paulo.

Nesse clima que deu o nome ao blog eu acordei em uma bela manhã de sol paulista

E acordei no clima de Sampa. Por essas e outras resolvi tocar incansavelmente a música de Caetano. E descobri que trocando os baianos por gaúchos da canção, só faria mais uma alteração: “alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruza a Paulista e a Consolação” (e até rimou, vai!)

É ali, naquele cantinho da cidade, que senti meu coração bater mais forte. Que soube que estava aqui – onde tudo acontece. E é estranho, mas sempre que passo por aquele espaço, me sinto parte de um todo.

Obrigada, Sampa, por me acolher desta forma quase que maternal.

“E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso”

I hope you don´t mind


"How wonderful life is while you´re in the world."

Uma pequena declaração de amor em um sábado apaixonado.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Enfim, a doce liberdade




Há poucas horas fui brindada com a notícia de que estava livre. Livre de um quarto de hospital onde passei as últimas 48 horas tentando me livrar da minha dose de iodo – o final do tratamento contra o câncer de tireóide.

Foram dois dias de tédio e reflexões apenas interrompidos por ligações de enfermeiros pedindo para que eu fosse até o banheiro para que eles pudessem deixar minha comida sobre uma mesinha logo na entrada do lugar.

No início, foi engraçado, confesso. Depois, encheu o saco. O segredo para ir embora é tomar muita água e muitos banhos.

Não senti efeitos colaterais além da minha gastrite de sempre (um pouco piorada) e uma dor nas glândulas salivares, onde o iodo fica concentrado.

Logo que cheguei me deram um belo traje de gala – composto por roupas azuis que caberiam em Jô Soares facilmente. O tecido, se é que se pode chamar assim, era uma mistura de papel e plástico. Além do outfit, eu também ganhei um protetor para os pés.

Depois de tomado o iodo 131, que no meu caso foi uma dose de 256, a gente fica só esperando saber como o corpo vai reagir ao lance da radiação. Eu, como estava preparada para o pior, não senti grandes efeitos.

Amanhã começo o tratamento com os hormônios. Mais uma novidade na minha vida. Estou curiosa para experimentá-los.

Ah, um aviso aos curiosos navegantes: não brilhei no escuro.

domingo, 9 de maio de 2010

Não sei como teria feito


Nunca um Dia das Mães fez tanto sentido para mim quanto esse domingo de maio de 2010. O que era para ter sido uma estadia de 10 dias para um exame e alguns passeios tornaram-se quase três meses da mais profunda dedicação da pessoa mais importante da vida: minha mãe.

Minha mãe é a pessoa mais guerreira que conheço. Desde sempre foi assim, essa fortaleza. Não foi diferente durante os piores meses da minha vida. Era ela quem estava lá ao meu lado com cada novidade dos últimos tempos, seja ela boa ou ruim.

Não foram poucos os dias em que ficamos olhando pra cara uma da outra em um hospital onde nada acontecia. Se eu precisava estar lá, ela não, mas, mesmo assim, lá estava ela, me olhando, perguntando se eu precisava de alguma coisa, insistindo para eu comer, xingando enfermeiros incompetentes, acordando no meio da madrugada só para empurrar o suporte do soro.

E a vibração dela com cada pequeno passo meu, cada nova melhora? Assim como dividimos algumas alegrias dos baby steps, também compartilhamos muitas angústias, ficando ainda mais próximas.

Assim, do nada (enfim, não foi bem do nada), voltei a me sentir com 5 anos – total dependente dela, do carinho dela e de sua atenção comigo durante 24 horas.

No próximo sábado, dona Sonia volta para o Sul e, desta vez, sem mim. Já sofro por antecipação. Não vai ser fácil cortar o cordão umbilical mais uma vez.

Feliz Dia das Mães, amada. Tu sabes colocar em prática o significado desta palavra tão intensa. Quando eu crescer, quero ser como tu.