sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sem emoção, por favor!

Não, esse ano não plantei uma árvore, mas minhas violetas voltaram a florescer, o que foi uma vitória parecida. Não escrevi um livro e, muito menos, fiz um filho. O ano de 2011 foi “sem emoção” e, por incrível que pareça, eu achei ótimo.

Após aquele 2010 turbulento, cheio de mudanças com altos e baixos, 2011 veio para o meu descanso. Foi aquele ano da rotina, mas não de monotonia. Dei muitas risadas e reclamei dos reclamões. Cuidei da saúde e tive pequenas vitórias a cada dois meses.

Porém, o mais importante foi ter colocado em prática o que disse no ano passado: que realmente e, cada dia mais, entendo o valor de viver um dia após o outro, um passo de cada vez na corda bamba da vida. Por isso, consegui fazer coisas que me deixam mais felizes e, como consequência, cá estou em dezembro, de férias, em clima totalmente relaxado.

A grande vitória foi ter conseguido criar vínculos (ainda mais fortes) com as pessoas que eu amo, que quero estar perto. Criei laços com amigos de Sampa que eram colegas de trabalho e viveram ombros amigos. Ajudei outros em desespero total e soube (não sei como!) dar conselhos que ajudaram.

Viajei uma dezena de vezes só para deitar no colo da minha mãe e ter uma noite de conversa com minha irmã. Cheguei a viajar por poucos dias “apenas” para ver uma melhor amiga, que me mostrou que apesar dos anos terem passado (e como!) nossa amizade continua lá, bem enraizada e firme. E me ensinou que saudade pode ser sentida ainda com mais força.

2011 também foi o ano que voltei a fazer exercícios com intensidade – agora mais do que liberada – e, com isso, perdi 6 quilos. Mas ainda faltam 4.

Ah, lembrando que, em 2012, prometo beber menos, falar menos e cuidar mais da pressão.

PS: Pedimos aos hormônios tireoidianos e ao cálcio que se organizem. Parou, gente, deu de palhaçada!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O descanso do guerreiro


Lembro quando cheguei ao camarim da Record pela primeira vez. Estava nervosa por ter que encarar a televisão. Mal podia segurar a ansiedade. E sim, lá estava ele, Alê Rocha, na santa paz, com as perguntas na ponta da língua, esperando a nossa primeira vítima – o eliminado da fazenda da vez.

Na primeira vez que conversamos, eu vinha de um início de ano dificílimo – depois do câncer, das internações, do tratamento. E já havia sido aquele ano em que eu havia entendido (de verdade) a valorizar as pequenas coisas da vida. Então, naquele camarim, depois de ele elogiar meu vestido longo estampado , conversamos sobre cicatrizes e, então, ele me contou sobre o seu diagnóstico de hipertensão pulmonar.

Durante os três meses do quadro, ele chegou a ficar internado, mas voltou a tempo de sentar no seu lugar da bancada – o de líder. E ele sabia amedrontar os convidados sem ser petulante. Queria saber tudo e não ficava com medo do que fossem pensar. E como ele ria. Se lhe faltava o ar com gargalhadas? Ele não ligava. Sabia que passaria por essa.

Pouco antes dos shows do SWU de 2010, eu perguntei a ele se não tinha medo de ir e passar mal no meio da multidão. Sabe o que ele me respondeu? “Se eu morrer fazendo uma das coisas que mais gosto na vida, estou feliz”. E ele era isso mesmo: um colecionador de bons momentos, um realizador dos próprios sonhos.

Falava do filho como um pai apaixonado e gostava de enfatizar que sabia que estava vivendo tanto, aguentando tantas dores , por causa do pequeno João, para quem ele mais queria ficar bom para que pudessem jogar futebol juntos.

E eis que, após diversas ameaças de desistir de tudo, Alê conseguiu o seu transplante. E ele gostava de apostar com Deus que viveria, sim, que os médicos deveriam confiar nele. E a operação aconteceu. E foi um sucesso. Acompanhei diariamente as novidades sobre o seu estado de saúde, até saber que uma infecção havia atrapalhado os planos. Menosprezei aquela febre- sabia que ele era forte demais e que passaria por mais essa. Mas não deu. Porém, ele confirmou o que sempre disse: que iria morrer lutando para ficar bom.

No meu facebook, após uma comemoração minha pelos bons resultados dos exames, agradeci pela situação e ainda usei o #saudeeoqueinteressa. Alê comentou: “Saúde é só o que interessa. Só.”

Alê, obrigada por ter ensinado tanto a tantos. A mim, tu mostraste que somos capazes de enfrentar o mundo e que, nem por isso, precisamos passar a vida reclamando ao invés de vivê-la. Obrigada por ter cruzado o meu caminho. Obrigada por ter existido. Com certeza alguém estava precisando muito de ti lá em cima.

sábado, 12 de novembro de 2011

Para os meus futuros filhos – parte 1


Não sei que carinhas terão e nem como reagirão ao ler esse texto, mas queria contar um pouquinho sobre o mundo que espera vocês para daqui alguns anos – quando vocês nascerem. Sei apenas que será muito diferente do que eu tive lá no início da década de 80. Não sei se melhor ou pior. Mas será diferente.

Eu pude viver uma infância bem tranquila com tudo o que uma cidade do interior pode oferecer: árvores para subir, frutas para comer direto do pé, brincadeiras ao ar livre e 3 meses de férias no final de cada ano. Vocês provavelmente nascerão na maior cidade do país, rodeados de barulho, trânsito engarrafado e pessoas. Muitas delas.

O time de vocês deverá ser escolhido pelo papai, já que a mamãe aqui não manja tanto assim de futebol, não é? Mesmo assim, gostaria tanto que vocês entendessem a minha paixão pela leitura – hábito que adquiri ainda bem novinha, graças à vovó Sonia, que sempre incentivou muito isso em nossa casa. Com certeza farei o mesmo com vocês. Não façam cara feia antes de abrir um livro.

Sei que hoje o videogame é parte importante da vida de vocês, assim como a televisão e o computador. Na minha infância não era assim. Nós tínhamos a primeira geringonça inventada: o Atari. Nossa, podíamos passar horas ali competindo, eu e sua tia, Luísa, mas sempre preferíamos voltar para a liberdade das brincadeiras do lado de fora da casa. Sempre foi mais gostoso. Computador? Notebook? Isso não estava nem no rascunho. Nossas provas eram mimiografadas e os trabalhos do colégio feitos à mão.

Espero que nossa casa tenha um pátio enorme pra que vocês possam brincar bastante, já que as ruas são muito perigosas e podem ser muito cruéis com crianças. Porém, sei que terão muitos amigos e que todos eles farão visitas constantes, tornando-os pessoas com capacidade de repartir, dividir, compartilhar, trocar experiências.

Tentarei mostrar para vocês a importância de ter caráter nessa vida. Quero que ganhem dinheiro de maneira correta e que não precisem passar a perna em ninguém para obter sucesso. E que saibam: nada vem fácil, mas a hora certa sempre aparece para quem se prepara.

Enfim, crianças, quando vocês chegarem, em alguns anos, e tiverem ocupando a parte mais importante de minha rotina, saibam que mesmo com o mundo de cabeça para baixo, resolvi tê-los porque confiei na capacidade de vocês fazerem a diferença.

Um beijo carinhoso
Mamãe

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Os 30 anéis de Saturno


Pois bem, achava uma besteira imensa quando alguém estava se aproximando dos 30 anos e reclamava sem fim da vida, do quanto estava envelhecendo. Na verdade, é só uma virada de dezena. Ah, Camila, doce engano. São 3 décadas. Puta que pariu! São TRÊS décadas! (Pavor!, gritos! Pânico!).

Ultimamente tenho pensando tanto no assunto que, sério, me sinto ridícula. O problema não está exatamente no 3.0, mas sim no que ficou para trás e a incerteza do que vem pela frente. Há 10 anos, imaginava que agora tudo seria mais fácil e tudo estaria mais certo, mais equilibrado, mais no lugar. Enfim, a velha estabilidade que parece nunca chegar e nunca bastar.

Cadê a minha casa própria? Cadê meu carro? E a minha promoção? Glup! E, sim, estou praticamente vivendo dentro de um casamento há um ano e pouco – com a diferença da falta dos papéis. Mas os 30 trazem consigo aquele peso, aquela obrigação no olhar alheio (ou será algo da minha cabecinha doente?) de ... FILHOS! Ah, os herdeiros...

Aquela história toda do planejamento: “Ai, ai, quando eu tiver 30 anos e estável...”, “Ah, eu quero ter um filho aos 30 e outro aos 32. Não pode ser muito velha...” COMO ASSIM? Quem era essa Camila piá que soltava asneiras pela boca? Não me apareça mais por aqui! Humpf!

O meu retorno de saturno começou pesado. E, sim, nesses últimos dois anos mudei mais do que em toda uma vida. Estive doente, me curei, perdi o pânico, ganhei um “namorido” e me tornei AINDA mais próxima de minha família. Mas, e aí, o que acontece após o retorno de saturno? Vão-se os anéis, ficam os dedos. Ficam os medos.

Em 4 meses, tudo deve mudar. Ou não.

Pensemos como Pollyana: pelo menos ainda terei mais uma década para os 40.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ai que saudade da aurora da minha vida...


Até hoje eu trato a questão na terapia. Eu sei que isso pode ser grave, mas não consigo encarar como tal. Sim, eu quero voltar aos meus 8 anos. Sempre que estou cansada, reclamando da vida, trabalhando demais, correndo demais, suando demais, me preocupando demais só penso em pegar a minha mochila cor-de-rosa, jogá-la nas costas e viver novamente o que foi, definitivamente, a melhor época da minha vida.

Eu, uma guria nascida no início dos anos 80 (uiiii!) numa cidade do interior do Rio Grande do Sul (eu costumava defender São Léo, dizia que era metropolitana. Porém, hoje, aqui em Sampa, não há como dizer que ela não é pequenina) ainda pude aproveitar os últimos rastros de liberdade vividos pelas crianças.

Hoje, plena segunda-feira, final do mês do cachorro louco, está fazendo um calor do cão na cidade cinza. Com as janelas soprando vento quente, não consigo deixar de me lembrar das minhas férias de criança.

Lembro que lá pelo dia 10 de dezembro as aulas já estavam mais do que finalizadas (não tinha essa palhaçada de hoje em dia, quando as crianças estudam até a véspera do Natal). Em tempos de horário de verão, todo dia era mais longo e mais legal. Começava tudo pela manhã quando eu e minha irmã podíamos acordar com preguiça e, depois de tomar café, apenas levar as sacolas de Barbies para o lado de fora da casa, onde elas montariam em pôneis roxos, tomariam banhos de cachoeira (feitos com mangueiras) e dançariam um pagodinho do Raça Negra (sim, esse tempo) com os Bobs e Kens (e alguns bebês chuquinha, quando faltavam os machos da relação).

Aí vinha o almoço, sempre seguido de um episódio de Chaves e outro de Chapolin.

De repente, a vizinhança tocava a campainha e já era hora de brincar mais. E olha que a gente fazia de tudo um pouco, mais ou menos que nem o Chico Bento. Gostávamos de montar casa na árvore, pegar fruta direto do pé, andar de bicicleta, invadir casas abandonadas pelo bairro, roubar flores, inventar espetáculos. Voltávamos com as roupas imundas – e com sorrisos enormes.

Nesses tempos de horário de verão, lembro que a gente só voltava para casa quando a mãe chamava – quando o sol e a lua se encontravam. E o melhor era que no dia seguinte a gente ia viver aquilo tudo mais uma vez.

Agora, me digam, por que eu preciso tratar na análise esse período da minha vida? Não é óbvio que a gente sempre queira viver numa eterna casinha da Barbie, com direito a elevador e balanço duplo? Eu, sim, eu quero sempre ter 8 anos.

domingo, 28 de agosto de 2011

Meninos + Meninas + Meninos


Já cansei de dizer que acho que quando meus filhos forem adolescentes, a maioria destes seres entre 13 e 19 anos gostará dos dois sexos. Se apaixonará por homens e mulheres. Serão bissexuais? Acho que essa nova geração anda experimentando de tudo, falando demais e sentindo de menos.

Meu dia de sábado – que foi para lá de animado – teve o assunto na roda em dois lugares distintos: um no bar e outro em pleno samba da praça Roosevelt, sempre rodeada de amigos queridos.
Há quem diga que as pessoas que se intitulam bissexuais são gays sem coragem, que é muito mais simples tu apresentar uma pessoa do sexo oposto para teus pais e colegas de trabalho quando, na verdade, faz sexo com alguém do mesmo sexo e acaba se divertindo mais.

Porém, há aqueles que acreditam que há, sim, como gostar dos dois – uma eterna indecisão, talvez. Ou, melhor, não querer perder absolutamente nada e aproveitar ao máximo o que os dois mundos podem apresentar.
Também é possível.

Eu concordo com uma teoria. Eu acredito que os seres humanos se apaixonam por pessoas. E está aí, no amor, uma resposta para tudo.
O amor não escolhe sexo, o amor apenas existe. E nessa eu acho que há uma resposta para os bissexuais.

No fundo mesmo, como boa pisciana que sou, acredito apenas nesse sentimento que deixa
planeta mais solidário, mais feliz, mais apaixonado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Doce ingenuidade

Como é que pode uma música remeter a gente a um tempo só dela, não é? Se não me olhar no espelho enquanto ouço Jewel posso garantir que ainda tenho 16 anos – e estou em Louisiana - passando um dos melhores anos da minha vida, fazendo intercâmbio para, depois, voltar para casa.

Lembro o quanto me achava fodona naqueles tempos. “Nossa, to indo morar sozinha!”. Psssss. Contas pagas, cartão de crédito conjunto com o da mãe, comida sempre na mesa, prontinha, caminha arrumada. Ah, quem dera assim fosse morar sozinha.

Eu, que sempre achei que havia nascido para viver solitária, como uma ilha, percebi que essa era uma grande ilusão quando, do nada, precisei montar minha própria casa. A fase da compra dos móveis foi uma alegria, assim como acertar o aluguel e assinar contratos. A mudança foi animada e a primeira noite no local me dava a mesma sensação pré-embarque do intercâmbio: “Nossa, agora eu moro sozinha!”

E agora era verdade. BIG DEAL!

Se é divertido nos primeiros instantes, logo cansa. Não há nada engraçado em ter que carregar 6 sacolas de compras sozinha, com um guarda-chuva na outra mão. Não há a menor graça em cozinhar para uma só pessoa e assistir TV sem ter ninguém para comentar um programa. Isso sem falar nas contas, nos problemas elétricos e de encanamento...

É claro que com tudo isso acontecendo, a única coisa que resto ao ser é amadurecer, aprender a fazer, não é?

A gente acha que a nossa companhia é agradável – e a minha é muito, viu? – mas nada se compara com calor humano ao redor. Tem alguma coisa melhor que entrar em uma casa cheia de gente? Tem coisa melhor do que deixar um copo em cima da mesa e, no outro dia, ele aparecer lavadinho? Ou alguém para comprar remédio na farmácia e cozinhar uma sopinha nos dias de gripe?

Ter alguém (ou alguéns) para esperar é muito divertido. E a felicidade ao ouvir a chave girando na fechadura? Incomparável!

Ai, Camilinha de 16 anos, tu eras tão ingênua!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quebrando a porteira

Lembro quando pisei em Sampa pela primeira vez. Era um feriadão de maio de 2008 e eu estava aqui para uma entrevista de emprego, hospedada na casa de uma amiga, que havia viajado. Ela deixou a chave de casa com o porteiro de seu prédio e eu cheguei, assim, blam, no meio de tudo.

Sim, esta foi a primeira vez que atravessei parte desta metrópole e pude entender o quão enorme era esta GRANDE cidade. Lembro que foi quando realmente soube que vinha do interior. O medo de me perder era tanto que mesmo com mapas deixados pela amiga, eu só andei até onde eu conseguia me lembrar da volta. E eu estava Pinheiros. E era o final de semana da parada gay. E eu queria muito, muito, muito ir até a Avenida Paulista. Mas não fui. De medo de nunca mais conseguir voltar. Nos três anos seguintes eu fiz a promessa lembrando daquele final de semana: “Quando eu morar aqui, eu vou na parada!”. Adivinha se eu fui? Mas é claro que não.

Enfim, voltando ao meu final de semana: consigo lembrar do cheiro da cidade, que foi muito marcante (assim como é até hoje). Não era simplesmente poluição. Era um vento carregado de cheiro de esgoto – coisa que acontece nesta cidade quando o tempo está muito quente, geralmente quando a previsão é de chuva.

À noite tive uma prévia do que foram os meses morando sozinha depois: me senti só. Nem mesmo os melhores seriados, as novelas mais legais, dezenas de revistas e alguns telefonemas conseguiam completar um vazio que só a solidão abre.

No dia seguinte, um domingo, arrisquei umas oito quadras. Nossa, como eu me sentia foda e, ao mesmo tempo, pequena de estar cruzando aquelas esquinas.

Duas semanas depois e lá estava eu, voltando com todas as minhas coisas para viver, por um bom tempo, na cidade que hoje não temo mais.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ai bota aqui, ai bota ali

A preparação para a festa junina no Rio Grande da minha infância era sempre uma alegria. Começava com tirar a poeira do vestido de prenda. O meu era azul escuro, com pequenas florzinhas. Depois era aquela ansiedade para que o grande dia chegasse logo para rodopiá-lo com as coleguinhas do colégio para ver quem conseguia fazer o melhor efeito.

Quando era criança, o emocionante era participar de todas as brincadeiras, ganhar um monte de brindes porcarias que, em 2 dias, já não mais existiriam. Era também chegar em casa quase vomitando depois de passar a tarde inteira comendo de tudo um pouco: uns 15 pinhões, um cachorro-quente, uma fatia de bolo, 3 churrasquinhos, uma pipoca, dois quentões, algumas rapaduras... e por aí vai... haja estômago!

E as musiquinhas típicas da data. Se no Brasil São João tem um estilo, no Rio Grande do Sul ele tem muitos – incluindo tocar canções típicas gaúchas, uma delas que dá nome ao título do post.

No final da festa tinha aquela fogueira imensa no campinho de futebol. Consigo lembrar da carinha das crianças todas olhando para aquelas toras queimando... Era muita emoção!

Depois a gente cresce e a festa junina vira mais uma desculpa para encontrar os amigos, beber e, claro, isso não muda, encher a pança. Mesmo assim, o sentimento da época, com a chegada do inverno, aquele frio aconhegante, não muda nunca.

Então eu vim pra São Paulo. Cheguei na terra da garoa no dia 5 de junho. No meu segundo final de semana por aqui, fui carregada para uma festa junina. E qual não foi minha surpresa quando cheguei a uma igreja cheia de pessoas conhecidas e animadas, com barraquinhas recheadas de guloseimas e, para finalizar, um show de Jair Rodrigues?

A gente muda de endereço, mudam as músicas, mas aquele sentimento de aconchego sempre fica.

Que venham as juninas!

terça-feira, 17 de maio de 2011

The BEST things in life


“The simple things
That come without a price
The simple Things
Like happiness joy and love in my life
I've seen it all from so many sides
And I hope you would agree
The best things in life
Are the simple things”
(Joe Cocker – The Simple Things)

Um ano desde que deixei o quarto aterrorizante da iodoterapia. Será que aquela era eu? Aquele lugarzinho gelado me pariu para o mundo e, de lá para cá, parece que me transformei em uma outra pessoa. A lagarta criou asas. Tanto que hoje olho para trás e entendo aquelas pessoas que compreendem o luto em um ano. Aquela Camila que deixou o hospital do câncer apoiada na mãe, com medo de tudo, estava apenas nascendo.

No último final de semana eu assisti a entrevista da Drica Moraes para a Marília Gabriela. Ela, que passou pelo baque de uma leucemia, transplante e afins, contou que, se não fosse tudo tão doloroso, ela acharia que todos poderiam passar por uma experiência parecida, que esta é uma forma de deixar o que está ruim na gente de lado. Eu não poderia concordar mais.

Admiro as pessoas que fazem tudo isso sem câncer ou um perrengue parecido. Conseguem levar a vida na leveza que ela merece. Antes de eu sofrer na pele o meu grande medo, eu tinha pavor de coisas tão pequenas que hoje nem consigo lembrar. Um amigo meu me disse dia desses que aprecia as coisas simples da vida. AGORA eu também sou assim!

Antigamente eu estava sempre pensando na “tal felicidade”, onde ela estaria... Como eu faria para correr atrás do melhor emprego, de não ver a hora de comprar meu carro e meu apartamento... “Quando eu achar o amor da minha vida, sei que tudo estará ótimo”. “Quando eu tiver filhos, aí sim tudo estará perfeito”. “Nossa, mas quando minha família estiver morando naquela mansão...”

Hoje não. Atualmente eu gosto de estar na minha casa. De passar o dia vendo um seriado que amo. De ficar deitada no tapete. De ler um livrinho na rede. De sair para caminhar e, na volta, tomar um banho com música. De sentir as almofadas quentinhas depois de passarem um dia tomando sol na sacada. Do cheirinho do spray de passar roupa... De acordar num domingo e fazer um chimarrão enquanto leio meus e-mails. De encontrar meus amigos em um bar e ficar fazendo piadas nonsense até a hora que der vontade. De conhecer os amigos dos amigos e a experiência sempre ser legal. De ficar apenas cozinhando com minha mãe ou tomando um café com meu pai. De dormir abraçada com o namorado. Todas essas coisas simples e que fazem a gente ter medo de morrer e deixar para trás.

Nada como ter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Nada pior do que passar a vida reclamando e não fazer nada para mudar. Reclamação e insatisfação não tratadas podem dar câncer. Eu já aprendi no hard way – aconselho a fazer como os seres superiores: “os inteligentes aprendem com seus próprios erros. Os gênios aprendem com os erros dos outros.”

A Camila que nasceu naquele maio de 2010 também é cheia de frases de impacto e teorias, mas faz de tudo para transformá-las em ação.

terça-feira, 26 de abril de 2011

CULPADA! Será?


Sentimento estranho esse. Sempre critiquei aqueles que a sentiam: a culpa. Me achava uma pessoa isenta dela, mas há alguns dias me vi debatendo a situação em meu querido e confortável divã.

Há quem insista nessa mania de que “deveria” e “gostaria” de fazer tudo diferente. Porra, qual a dificuldade de aceitar o que foi feito e seguir em frente, deixando claro que não há como mudar o que já aconteceu? Não sei, mas encho minha pobre cabecinha de pontos de interrogação.

Tenho um defeito e tanto: não penso nunca antes de falar. Por essas e outras que acredito guardar minhas culpas. Falo demais, sem aquele amigo, o filtro, que fica perdido em algum lugar.

Em poucos minutos, parece que ele retorna de onde estava escondido e zaz, me pega de jeito. Meus amigos sabem e já receberam mais de uma vez minhas mensagens de desculpas pela manhã , depois de cair em alguma noitada regada a garrafas e mais garrafas de álcool. No dia seguinte, quando não há amnésia, tem aquela coisa perseguindo: a culpa. “Putz, falei demais again!”

Com pouco mais de um ano de análise profunda de meus pensamentos, ainda não cheguei às conclusões definitivas. Porém, hoje me considero um pouquiiiinho melhor, um pouco menos impulsiva, um pouco mais tranquila. Um pouco menos culpada.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É na Vila Madalena, Girassol 51


Essa era uma vontade minha de anos. Quando voltei do Rio sem ter passado por uma, me senti meio vazia. Sabia que o que sentiria seria mais do que especial.

Pois bem, no último domingo, depois de alguns baldes de cerveja na companhia de amigos especiais, decidimos nos aventurar. Destino: Rua Girassol, 51. Vila Madalena. No local, uma quadra. Lá dentro, um coração. A batida dele era perfeita. Tanto, que todos conseguiam acompanhá-la, cada qual do seu jeito.

Juro que nunca senti uma energia assim na vida. Aquela mistura de batuques, de tambores e tamborins, de gente bonita, feliz e empolgada. Simplesmente incomparável.

Mais do que qualquer Copa do Mundo, mais do que passeatas históricas. É o samba correndo nas veias que faz a gente se sentir bem brasileiro. De ter a certeza de que aqui é o melhor lugar do mundo. De que, sim, é possível jogar tudo para o alto uma vez por ano para simplesmente (e nada mais) se divertir: encher a cara e suar a camisa de tanto dançar.

Por essas e outras que vim até aqui hoje e tive vontade de contar pra todo mundo: desde domingo sou Pérola Negra.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Te vê



Tela colorida e sedutora
Me tira a concentração
Todos me aconselham livros
Porém insisto na maldita televisão

Mesmo caindo de sono
Mantenho o controle remoto na mão
Fuga da realidade? Pode ser que sim
Mas acredito que não

A cada nova zapeada
Presto mais atenção
Se não me satisfaz
Mudo de canal, então

Agora vá tentar ler um livro
Quando todos comentam a programação
Como procuramos fazer juntos
Se a tela só completa a solidão

Como me concentrar em leitura
Se preciso mergulhar em informação?

sábado, 1 de janeiro de 2011

"I'm going through changes"


Depois de passar a virada de ano dentro da redação, o feeling que vem não é de que alguma coisa realmente vai mudar no ano que chega. Porém, a sensação de esperança, de termos um ano inteirinho pela frente, 365 novos dias para mudarmos algumas de nossas atitudes, de tentarmos coisas novas... É isso que nos enche de vontade de nos despedirmos de um ano e abrirmos os braços para o próximo.

Então, na realidade, não é o ano que muda e sim você, a pessoa que tenta se desculpar mais, se permitir mais, ousar mais, arriscar, errar e seguir em frente.

Por essas e outras, a minha música de abertura de 2011 não poderia ser outra – e ela é cantada por um cara que soube fazer tudo isso e um pouco mais (e hoje quase não consegue contar a história... hehehehe)

Segue Ozzy Osbourne... com CHANGES!