Há muito não me sentia assim, tão confortável. Na verdade, desde que pisei em Sampa, passei por tantos lugares, mas nunca pude chamar algum deles de lar de verdade. O último, que era para ter sido um doce ambiente, foi tomado por mofo e lembranças boas - para esquecer!
Depois de algum tempo procurando, eis que o apartamento dos sonhos praticamente caiu na nossa frente. Tudo começou a dar certo e, de repente, estávamos com contratos assinados e a chance de termos um lar doce lar.
Porém, logo no dia da mudança as coisas não aconteceram da maneira que esperávamos. O tio da mudança acabou dando para trás de última hora e somente após algumas discussões, ele disse que viria. E ele veio – só com apenas um ajudante. Eu disse que isso não era problema, afinal, nem tínhamos tantas coisas. Engano! Era tanta coisa, mas tanta coisa que no final do dia percebemos que havíamos trabalhado muito mais que o tal Zé. Enfim, tínhamos nossas coisas em nosso novo teto. E isso já era o máximo.
Ainda não havia voltado ao trabalho, mas estava pegando no pesado como nunca teria feito na redação. E era um liga pra aquele lá, arruma aqui, varre ali, fura lá, briga acolá! E o pior: gastando muito dinheiro.
Um dia antes de voltar à lida, fui até a companhia de gás para fazer a tal ligação. Quando saí de lá fui fazer um ultrassom de meu pescoço (que está limpinho!), mas nem tive tempo para comemorar as boas... logo o zelador ligou para avisar que estávamos sem luz. Rá! A antiga moradora era uma boa de uma devedora e deixou 3 contas sem pagar, assim como havia feito com o gás, a tv a cabo and so on...
Me vi correndo de um lado para outro de jeito frenético para fazer as benditas ligações de urgência. Consegui! Cheguei em casa, acendi algumas velas e fui ler meu Machado de Assis – no maior clima de início de século passado.
Adivinha se a Eletropaulo apareceu? É CLARO QUE NÃO! Foi um tal de banho frio gritado e o pior: era a nossa primeira sexta-feira no meio da Vila Madalena, ou seja, nenhum sono adquirido e nenhuma forma de abafar o barulho a não ser dois chumaços enormes de algodão nos ouvidos. Não se esqueçam: eu estava na véspera de voltar ao trabalho após 20 dias de férias. Foi um início estranho e cheio de sono, mas, enfim, no outro dia, eu já tinha energia mais uma vez e gás – para o bem da moderna humanidade.
E a Net? Nossa, se eu tivesse que escolher um grupo para extinguir do planeta, seria o dos trabalhadores deles. Foram TRÊS semanas de espera para ter internet, telefone e TV. E é por isso que só agora escrevo as novidades – enquanto degusto meu primeiro chimarrão dos novos tempos, de novos espaços.
Hoje, mais do que tudo, temos um lar confortável – com direito até mesmo a sofás!
Agora, bem, agora só faltam as cadeiras!