Camila Borowsky sempre soube muito bem o que queria da vida. Em mais uma destas certezas, mudou-se de mala e cuia (sim!) para a mais movimentada capital do país. É lá que hoje ela faz as duas coisas que mais gosta na vida: jornalismo e amigos. Porém, foi lá que ela sentiu o verdadeiro gosto da saudade. E ela sabe que ele é muito, muito mais amargo que qualquer chimarrão.
terça-feira, 17 de maio de 2011
The BEST things in life
“The simple things
That come without a price
The simple Things
Like happiness joy and love in my life
I've seen it all from so many sides
And I hope you would agree
The best things in life
Are the simple things”
(Joe Cocker – The Simple Things)
Um ano desde que deixei o quarto aterrorizante da iodoterapia. Será que aquela era eu? Aquele lugarzinho gelado me pariu para o mundo e, de lá para cá, parece que me transformei em uma outra pessoa. A lagarta criou asas. Tanto que hoje olho para trás e entendo aquelas pessoas que compreendem o luto em um ano. Aquela Camila que deixou o hospital do câncer apoiada na mãe, com medo de tudo, estava apenas nascendo.
No último final de semana eu assisti a entrevista da Drica Moraes para a Marília Gabriela. Ela, que passou pelo baque de uma leucemia, transplante e afins, contou que, se não fosse tudo tão doloroso, ela acharia que todos poderiam passar por uma experiência parecida, que esta é uma forma de deixar o que está ruim na gente de lado. Eu não poderia concordar mais.
Admiro as pessoas que fazem tudo isso sem câncer ou um perrengue parecido. Conseguem levar a vida na leveza que ela merece. Antes de eu sofrer na pele o meu grande medo, eu tinha pavor de coisas tão pequenas que hoje nem consigo lembrar. Um amigo meu me disse dia desses que aprecia as coisas simples da vida. AGORA eu também sou assim!
Antigamente eu estava sempre pensando na “tal felicidade”, onde ela estaria... Como eu faria para correr atrás do melhor emprego, de não ver a hora de comprar meu carro e meu apartamento... “Quando eu achar o amor da minha vida, sei que tudo estará ótimo”. “Quando eu tiver filhos, aí sim tudo estará perfeito”. “Nossa, mas quando minha família estiver morando naquela mansão...”
Hoje não. Atualmente eu gosto de estar na minha casa. De passar o dia vendo um seriado que amo. De ficar deitada no tapete. De ler um livrinho na rede. De sair para caminhar e, na volta, tomar um banho com música. De sentir as almofadas quentinhas depois de passarem um dia tomando sol na sacada. Do cheirinho do spray de passar roupa... De acordar num domingo e fazer um chimarrão enquanto leio meus e-mails. De encontrar meus amigos em um bar e ficar fazendo piadas nonsense até a hora que der vontade. De conhecer os amigos dos amigos e a experiência sempre ser legal. De ficar apenas cozinhando com minha mãe ou tomando um café com meu pai. De dormir abraçada com o namorado. Todas essas coisas simples e que fazem a gente ter medo de morrer e deixar para trás.
Nada como ter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Nada pior do que passar a vida reclamando e não fazer nada para mudar. Reclamação e insatisfação não tratadas podem dar câncer. Eu já aprendi no hard way – aconselho a fazer como os seres superiores: “os inteligentes aprendem com seus próprios erros. Os gênios aprendem com os erros dos outros.”
A Camila que nasceu naquele maio de 2010 também é cheia de frases de impacto e teorias, mas faz de tudo para transformá-las em ação.
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