Camila Borowsky sempre soube muito bem o que queria da vida. Em mais uma destas certezas, mudou-se de mala e cuia (sim!) para a mais movimentada capital do país. É lá que hoje ela faz as duas coisas que mais gosta na vida: jornalismo e amigos. Porém, foi lá que ela sentiu o verdadeiro gosto da saudade. E ela sabe que ele é muito, muito mais amargo que qualquer chimarrão.
sábado, 12 de novembro de 2011
Para os meus futuros filhos – parte 1
Não sei que carinhas terão e nem como reagirão ao ler esse texto, mas queria contar um pouquinho sobre o mundo que espera vocês para daqui alguns anos – quando vocês nascerem. Sei apenas que será muito diferente do que eu tive lá no início da década de 80. Não sei se melhor ou pior. Mas será diferente.
Eu pude viver uma infância bem tranquila com tudo o que uma cidade do interior pode oferecer: árvores para subir, frutas para comer direto do pé, brincadeiras ao ar livre e 3 meses de férias no final de cada ano. Vocês provavelmente nascerão na maior cidade do país, rodeados de barulho, trânsito engarrafado e pessoas. Muitas delas.
O time de vocês deverá ser escolhido pelo papai, já que a mamãe aqui não manja tanto assim de futebol, não é? Mesmo assim, gostaria tanto que vocês entendessem a minha paixão pela leitura – hábito que adquiri ainda bem novinha, graças à vovó Sonia, que sempre incentivou muito isso em nossa casa. Com certeza farei o mesmo com vocês. Não façam cara feia antes de abrir um livro.
Sei que hoje o videogame é parte importante da vida de vocês, assim como a televisão e o computador. Na minha infância não era assim. Nós tínhamos a primeira geringonça inventada: o Atari. Nossa, podíamos passar horas ali competindo, eu e sua tia, Luísa, mas sempre preferíamos voltar para a liberdade das brincadeiras do lado de fora da casa. Sempre foi mais gostoso. Computador? Notebook? Isso não estava nem no rascunho. Nossas provas eram mimiografadas e os trabalhos do colégio feitos à mão.
Espero que nossa casa tenha um pátio enorme pra que vocês possam brincar bastante, já que as ruas são muito perigosas e podem ser muito cruéis com crianças. Porém, sei que terão muitos amigos e que todos eles farão visitas constantes, tornando-os pessoas com capacidade de repartir, dividir, compartilhar, trocar experiências.
Tentarei mostrar para vocês a importância de ter caráter nessa vida. Quero que ganhem dinheiro de maneira correta e que não precisem passar a perna em ninguém para obter sucesso. E que saibam: nada vem fácil, mas a hora certa sempre aparece para quem se prepara.
Enfim, crianças, quando vocês chegarem, em alguns anos, e tiverem ocupando a parte mais importante de minha rotina, saibam que mesmo com o mundo de cabeça para baixo, resolvi tê-los porque confiei na capacidade de vocês fazerem a diferença.
Um beijo carinhoso
Mamãe
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