Não, esse ano não plantei uma árvore, mas minhas violetas voltaram a florescer, o que foi uma vitória parecida. Não escrevi um livro e, muito menos, fiz um filho. O ano de 2011 foi “sem emoção” e, por incrível que pareça, eu achei ótimo.
Após aquele 2010 turbulento, cheio de mudanças com altos e baixos, 2011 veio para o meu descanso. Foi aquele ano da rotina, mas não de monotonia. Dei muitas risadas e reclamei dos reclamões. Cuidei da saúde e tive pequenas vitórias a cada dois meses.
Porém, o mais importante foi ter colocado em prática o que disse no ano passado: que realmente e, cada dia mais, entendo o valor de viver um dia após o outro, um passo de cada vez na corda bamba da vida. Por isso, consegui fazer coisas que me deixam mais felizes e, como consequência, cá estou em dezembro, de férias, em clima totalmente relaxado.
A grande vitória foi ter conseguido criar vínculos (ainda mais fortes) com as pessoas que eu amo, que quero estar perto. Criei laços com amigos de Sampa que eram colegas de trabalho e viveram ombros amigos. Ajudei outros em desespero total e soube (não sei como!) dar conselhos que ajudaram.
Viajei uma dezena de vezes só para deitar no colo da minha mãe e ter uma noite de conversa com minha irmã. Cheguei a viajar por poucos dias “apenas” para ver uma melhor amiga, que me mostrou que apesar dos anos terem passado (e como!) nossa amizade continua lá, bem enraizada e firme. E me ensinou que saudade pode ser sentida ainda com mais força.
2011 também foi o ano que voltei a fazer exercícios com intensidade – agora mais do que liberada – e, com isso, perdi 6 quilos. Mas ainda faltam 4.
Ah, lembrando que, em 2012, prometo beber menos, falar menos e cuidar mais da pressão.
PS: Pedimos aos hormônios tireoidianos e ao cálcio que se organizem. Parou, gente, deu de palhaçada!
Camila Borowsky sempre soube muito bem o que queria da vida. Em mais uma destas certezas, mudou-se de mala e cuia (sim!) para a mais movimentada capital do país. É lá que hoje ela faz as duas coisas que mais gosta na vida: jornalismo e amigos. Porém, foi lá que ela sentiu o verdadeiro gosto da saudade. E ela sabe que ele é muito, muito mais amargo que qualquer chimarrão.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
O descanso do guerreiro
Lembro quando cheguei ao camarim da Record pela primeira vez. Estava nervosa por ter que encarar a televisão. Mal podia segurar a ansiedade. E sim, lá estava ele, Alê Rocha, na santa paz, com as perguntas na ponta da língua, esperando a nossa primeira vítima – o eliminado da fazenda da vez.
Na primeira vez que conversamos, eu vinha de um início de ano dificílimo – depois do câncer, das internações, do tratamento. E já havia sido aquele ano em que eu havia entendido (de verdade) a valorizar as pequenas coisas da vida. Então, naquele camarim, depois de ele elogiar meu vestido longo estampado , conversamos sobre cicatrizes e, então, ele me contou sobre o seu diagnóstico de hipertensão pulmonar.
Durante os três meses do quadro, ele chegou a ficar internado, mas voltou a tempo de sentar no seu lugar da bancada – o de líder. E ele sabia amedrontar os convidados sem ser petulante. Queria saber tudo e não ficava com medo do que fossem pensar. E como ele ria. Se lhe faltava o ar com gargalhadas? Ele não ligava. Sabia que passaria por essa.
Pouco antes dos shows do SWU de 2010, eu perguntei a ele se não tinha medo de ir e passar mal no meio da multidão. Sabe o que ele me respondeu? “Se eu morrer fazendo uma das coisas que mais gosto na vida, estou feliz”. E ele era isso mesmo: um colecionador de bons momentos, um realizador dos próprios sonhos.
Falava do filho como um pai apaixonado e gostava de enfatizar que sabia que estava vivendo tanto, aguentando tantas dores , por causa do pequeno João, para quem ele mais queria ficar bom para que pudessem jogar futebol juntos.
E eis que, após diversas ameaças de desistir de tudo, Alê conseguiu o seu transplante. E ele gostava de apostar com Deus que viveria, sim, que os médicos deveriam confiar nele. E a operação aconteceu. E foi um sucesso. Acompanhei diariamente as novidades sobre o seu estado de saúde, até saber que uma infecção havia atrapalhado os planos. Menosprezei aquela febre- sabia que ele era forte demais e que passaria por mais essa. Mas não deu. Porém, ele confirmou o que sempre disse: que iria morrer lutando para ficar bom.
No meu facebook, após uma comemoração minha pelos bons resultados dos exames, agradeci pela situação e ainda usei o #saudeeoqueinteressa. Alê comentou: “Saúde é só o que interessa. Só.”
Alê, obrigada por ter ensinado tanto a tantos. A mim, tu mostraste que somos capazes de enfrentar o mundo e que, nem por isso, precisamos passar a vida reclamando ao invés de vivê-la. Obrigada por ter cruzado o meu caminho. Obrigada por ter existido. Com certeza alguém estava precisando muito de ti lá em cima.
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