domingo, 22 de abril de 2012

O zero e os fantoches




Nunca havia sentido tamanha pequenez. Em pleno cruzeiro (a trabalho) me perdi da turma da imprensa. No auge da madrugada, no último deck do navio, me veio uma sensação de curiosidade máster.  Era noite, as poucas pessoas que ainda estavam acordadas, caíram na balada. As outras milhares, dormiam para o dia seguinte, que estaria cheio de atividades. Fui para um canto isolado e lá fiquei observando O NADA. Conseguia apenas ver as ondas batendo no casco. À minha frente, era o preto absoluto e o silêncio.

Em conversa recente no divã me peguei descrevendo a morte desta maneira: um navio no meio da madrugada, quando o mar e o céu formam uma só coisa sem nome. Por mais paradoxal que isso possa parecer, ando pensando a vida desta forma. Temos essa mania ridiculamente humana de traçarmos planos para tudo – e precisamos fazer isso logo, já que isso divide uma sociedade entre os fracos e os fortes. Até que chega um momento em que a vida simplesmente precisa ser cruzada. É ela quem manda. Não é o teu corpo que está na boleia. Somos meros fantoches. De quem? Não sei.
Seguimos nosso próprio reality show com a utópica ideia de que somos insubstituíveis e de que faremos história. Quantos morreram sem viver apenas com esse objetivo? Às vezes o melhor é estarmos com os olhos vendados e deixarmos ser marionetes, desde que os fios não enrolem nos braços e pernas.

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E um pensamento para complementar o post, para aqueles que ficaram apavorados com a vastidão do zero:

"Life is like a mirror … we get the best results when we smile at it"

Eu acredito nisso.

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