Fujo com frequência desses monstros que me
perseguem. Eu espero o ônibus enquanto eles fumam um cigarro embaixo da
marquise mais próxima. Chego ao metrô e posso senti-los descendo as escadas
atrás de mim. Passo o bilhete único, mas sei que eles conseguiram passar pela
catraca – mesmo ela se abrindo e fechando rapidamente. Espero o trem. Um deles
para atrás de mim e senta ao meu lado logo que a porta se abre – mesmo existindo
uma dezena de assentos para ele se aconchegar.
Eles são o pior tipo de passageiro. A cada nova parada,
chegam mais perto. Estação Brigadeiro Faria Lima. Eles descem em bando, logo
atrás de mim. Eu caminho mais rápido, mas eles agora correm e cruzam a minha
frente, como vultos aterrorizantes. Já não tenho mais nenhum controle. Sou
vítima da minha própria criação.
Abro o envelope, eles espiam o papel. De repente, já não
estão mais ali. Saem devagar, um a um, enquanto eu releio o documento.
Hoje eu ganhei.
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