terça-feira, 1 de maio de 2012

Monstros S.A.




Fujo com frequência desses monstros que me perseguem. Eu espero o ônibus enquanto eles fumam um cigarro embaixo da marquise mais próxima. Chego ao metrô e posso senti-los descendo as escadas atrás de mim. Passo o bilhete único, mas sei que eles conseguiram passar pela catraca – mesmo ela se abrindo e fechando rapidamente. Espero o trem. Um deles para atrás de mim e senta ao meu lado logo que a porta se abre – mesmo existindo uma dezena de assentos para ele se aconchegar.
Eles são o pior tipo de passageiro. A cada nova parada, chegam mais perto. Estação Brigadeiro Faria Lima. Eles descem em bando, logo atrás de mim. Eu caminho mais rápido, mas eles agora correm e cruzam a minha frente, como vultos aterrorizantes. Já não tenho mais nenhum controle. Sou vítima da minha própria criação.
Abro o envelope, eles espiam o papel. De repente, já não estão mais ali. Saem devagar, um a um, enquanto eu releio o documento.
Hoje eu ganhei.

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