quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quebrando a porteira

Lembro quando pisei em Sampa pela primeira vez. Era um feriadão de maio de 2008 e eu estava aqui para uma entrevista de emprego, hospedada na casa de uma amiga, que havia viajado. Ela deixou a chave de casa com o porteiro de seu prédio e eu cheguei, assim, blam, no meio de tudo.

Sim, esta foi a primeira vez que atravessei parte desta metrópole e pude entender o quão enorme era esta GRANDE cidade. Lembro que foi quando realmente soube que vinha do interior. O medo de me perder era tanto que mesmo com mapas deixados pela amiga, eu só andei até onde eu conseguia me lembrar da volta. E eu estava Pinheiros. E era o final de semana da parada gay. E eu queria muito, muito, muito ir até a Avenida Paulista. Mas não fui. De medo de nunca mais conseguir voltar. Nos três anos seguintes eu fiz a promessa lembrando daquele final de semana: “Quando eu morar aqui, eu vou na parada!”. Adivinha se eu fui? Mas é claro que não.

Enfim, voltando ao meu final de semana: consigo lembrar do cheiro da cidade, que foi muito marcante (assim como é até hoje). Não era simplesmente poluição. Era um vento carregado de cheiro de esgoto – coisa que acontece nesta cidade quando o tempo está muito quente, geralmente quando a previsão é de chuva.

À noite tive uma prévia do que foram os meses morando sozinha depois: me senti só. Nem mesmo os melhores seriados, as novelas mais legais, dezenas de revistas e alguns telefonemas conseguiam completar um vazio que só a solidão abre.

No dia seguinte, um domingo, arrisquei umas oito quadras. Nossa, como eu me sentia foda e, ao mesmo tempo, pequena de estar cruzando aquelas esquinas.

Duas semanas depois e lá estava eu, voltando com todas as minhas coisas para viver, por um bom tempo, na cidade que hoje não temo mais.

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