segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ai que saudade da aurora da minha vida...


Até hoje eu trato a questão na terapia. Eu sei que isso pode ser grave, mas não consigo encarar como tal. Sim, eu quero voltar aos meus 8 anos. Sempre que estou cansada, reclamando da vida, trabalhando demais, correndo demais, suando demais, me preocupando demais só penso em pegar a minha mochila cor-de-rosa, jogá-la nas costas e viver novamente o que foi, definitivamente, a melhor época da minha vida.

Eu, uma guria nascida no início dos anos 80 (uiiii!) numa cidade do interior do Rio Grande do Sul (eu costumava defender São Léo, dizia que era metropolitana. Porém, hoje, aqui em Sampa, não há como dizer que ela não é pequenina) ainda pude aproveitar os últimos rastros de liberdade vividos pelas crianças.

Hoje, plena segunda-feira, final do mês do cachorro louco, está fazendo um calor do cão na cidade cinza. Com as janelas soprando vento quente, não consigo deixar de me lembrar das minhas férias de criança.

Lembro que lá pelo dia 10 de dezembro as aulas já estavam mais do que finalizadas (não tinha essa palhaçada de hoje em dia, quando as crianças estudam até a véspera do Natal). Em tempos de horário de verão, todo dia era mais longo e mais legal. Começava tudo pela manhã quando eu e minha irmã podíamos acordar com preguiça e, depois de tomar café, apenas levar as sacolas de Barbies para o lado de fora da casa, onde elas montariam em pôneis roxos, tomariam banhos de cachoeira (feitos com mangueiras) e dançariam um pagodinho do Raça Negra (sim, esse tempo) com os Bobs e Kens (e alguns bebês chuquinha, quando faltavam os machos da relação).

Aí vinha o almoço, sempre seguido de um episódio de Chaves e outro de Chapolin.

De repente, a vizinhança tocava a campainha e já era hora de brincar mais. E olha que a gente fazia de tudo um pouco, mais ou menos que nem o Chico Bento. Gostávamos de montar casa na árvore, pegar fruta direto do pé, andar de bicicleta, invadir casas abandonadas pelo bairro, roubar flores, inventar espetáculos. Voltávamos com as roupas imundas – e com sorrisos enormes.

Nesses tempos de horário de verão, lembro que a gente só voltava para casa quando a mãe chamava – quando o sol e a lua se encontravam. E o melhor era que no dia seguinte a gente ia viver aquilo tudo mais uma vez.

Agora, me digam, por que eu preciso tratar na análise esse período da minha vida? Não é óbvio que a gente sempre queira viver numa eterna casinha da Barbie, com direito a elevador e balanço duplo? Eu, sim, eu quero sempre ter 8 anos.

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