Uma das coisas que mais me irrita em ter passado por uma experiência de quase-morte é sentir que todos te percebem diferente. Parece que pós-câncer eu fico o tempo todo querendo provar aos outros que “hello, eu sou normal! Sou a mesma pessoa!”
Mas não adianta. Apenas os que não saíram do meu lado durante tudo que passei são os que me encaram como a mesma de sempre. Tenho até medo de contar aos outros porque sempre recebo aquele olhar...
Em mais um longo desabafo no divã percebi que, na verdade, esse é um olhar dado de Camila para Camila. Eu é que sempre fazia esse olhar quando alguém me dizia ter câncer ou qualquer outra dessas doenças que temos medo só de ouvir o nome. E, perceber que eu estava, na verdade, julgando o olhar alheio, me encheu de vergonha.
*---------------------------------------*----------------------------------------*
Hoje, em conversa com minha irmã americana, contei tudo que havia acontecido. Ela disse estar em choque (o pai dela morreu do maldito). Há dois meses o marido dela apagou em um terrível ataque cardíaco. Ele morreu e conseguiram reanimá-lo. Hoje ele está voltando à vida, em passos bem curtinhos.
Sabe o que ele mandou me dizer? Que não tinha mais medo de morrer. No tempo em que ficou morto, sentiu-se muito bem, em paz.
Eu perdi meu medo de morrer quando tive bastante tempo livre para pensar na vida. Hoje eu parei de pensar o que pode me matar. Hoje só quero saber do que me deixa mais viva, nem que seja apenas sair de casa.
A única coisa que sei é que nunca mais darei “aquele olhar” para ninguém. Nem mesmo para mim.
Os oculos que a gente coloca e ve a vida. Viva a terapia!
ResponderExcluirBem que eu estranhei a foto de um gato em algo vindo de ti. Só podia ser para criticar mesmo!!! Beijo! O Mumu tb manda um!
ResponderExcluir