quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bah, que frio de renguear cusco!



Pois é, caro paulista. Se você acha que isso que te faz usar um cachecol e botas se chama inverno, preste atenção às minhas palavras. A moça do lado de cá sabe bem o que é viver um frio de “renguear cusco”, expressão essa que você jamais deve ter ouvido.

Lá na minha infância, agraciada com finais de semana na casa de minha avó materna – na serra gaúcha – eu não conseguia dormir de tanto tremer. Ah, sim, lá fazia ZERO grau com uma certa frequência. Mas não é o tipo de frio que você mata com uma xícara de café. Lá a gente passava a cama à ferro antes de deitar. E olha que para dormir nós nos tapávamos com uma meia dúzia de cobertas fofinhas e pesadas, todas confeccionadas por minha vó Divina.

Se você acha sacrifício acordar quando a temperatura está lá embaixo, não imagina o que é amanhecer quando a geada dominou o seu jardim.

Uma blusa e um casaquinho? Experimenta tentar vestir três calças, um blusão e dois casacos. A cena não é das mais bonitas, mas se faz necessária. Isso quando não era infância, que ainda é preciso um par de polainas, uma touca e um enorme de um cachecol. Só fica faltando a cenoura no nariz!

Você, caro amigo, que acha que ligar um aquecedor é coisa de outro mundo, não sabe como é ter um em cada quarto e ainda uma lareira bombando na sala. Não sabe o valor de uma sopa de capeletti pelando, um vinho tinto e uma meia de lã.

O frio faz a gente querer ficar em casa. Talvez seja por isso que ele venha sempre acompanhado de saudade. Daquele cheiro de lenha queimando tão característico de tempos remotos de minha vida.

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Parece que São Paulo não combina com aquela friaca. É claro que, obviamente, ela também não combina com verão. A união da poluição MAIS trânsito MAIS gente suada não é nada agradável – ainda mais quando se anda de ônibus.

Voltemos ao frio. Demorou, mas ele chegou. Depois de tempo seco, sol rachando em pleno inverno paulista, narizes sangrando e postos de saúde lotados, lá veio a chuva, como um presente dos meus conterrâneos. Por sinal, cheguei a ser xingada por vários taxistas, como se fosse casada com São Pedro e tivesse mandado meu marido enviar água para a cidade da garoa.

Acordei na terça-feira com um certo calorzinho. Voltei pra casa congelada. Acho que sofremos uma queda de uns 15 graus em um só dia (com um certo exagero à la Borowsky, para os que não me conhecem so well). Para os que já me conhecem sabem que essa derrubada de celsius é o que me deixa mais feliz (é claro que tiraria a chuva de minha paisagem particular).

Devidamente encasacada saio me gabando pela velha Sampa, sempre deixando claro que eu, muito gaúcha, aguento frios muito piores do que este aqui.

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